sábado, 21 de março de 2009

A verdade sobre o Torneio do Povo.

Parece que foi ontem, passaram-se 36 anos da grande conquista nacional de um time do sul do país, o Coritiba F.C, no famoso Torneio do Povo. Convidado que foi para alinhar ao lado das grandes equipes do futebol brasileiro, traduzido por suas imensas torcidas, o Verdão Coxa Branca, teve como adversários, Flamengo, Corinthians, Bahia, Atlético Mineiro e Internacional. Jogando em 7 oportunidades, teve duas vitórias contra o rubro Negro da Gávea (2x0 e 1x0 no Maracanã), dois empates em Salvador(0x0 e 2x2), vencendo no Mineirão o Galo Mineiro (2x1), ganhando do Timão no Belfort Duarte com gol de Oberdan (1x0) e desclassificando o Internacional nos Pampas (1x1). Corria 1973, ano do tão sonhado Tri-Campeonato, e sentia-se em todos um interesse pelas duas competições. Com um elenco formado de grandes jogadores na sua qualidade, não foi na verdade tão fácil, principalmente, nos deslocamentos saindo de um jogo do Maracanã para entrar em outra competição em Paranaguá, como também no último jogo saindo da cidade de Bandeirantes, após uma vitória suada em cima do time do Meneghel, em avião fretado para o jogo final em Salvador, frente aos baianos contando com dificuldades da época. Chegando na encantadora cidade de Salvador, tudo caminhava para a definição de um resultado antecipado, por que existia uma pendenga jurídica quando do jogo Flamengo x Bahia, quando se constatou irregularidades na partida e com uma simples reunião do Tribunal na sede da CBD, o jogo passaria a ser mais um amistoso com a conquista deste título nacional maravilhoso. No dia seguinte, procurei pelo presidente Evangelino para saber do caso, afinal sairia das costas o último compromisso onde toda a torcida esperava por sua conclusão, no que respondeu "Capitão, nada feito" , não houve quorum e vamos à luta. Claro, coisa preparada, afinal esperava-se uma final em pleno Estádio Mário Filho entre o Timão e Mengão. No dia da final, uma quarta feira bonita, chega o chinês na parte da tarde, em meu quarto, para dizer a respeito dos árbitros selecionados para tal decisão. José Faville Neto, Oscar Scolfaro e José Marçal Filho. Disse "estou tranquilo quanto ao Faville e Sacolfaro". Faltando 30 minutos para o jogo, em pleno vestiário da Fonte Nova, calçando as chuteiras, no abafadinho Evangelino mostra sua indignação e a sorte foi lançada com Marçal no apito. Para encurtar um pouco a história, minha preocupação foi sempre estar ao lado do "assoprador", pois, ninguém tinha confiança, ainda mais quando o Scolfaro falou que a bolinha era estranha. O incrível é que o cidadão estava com o uniforme da FIFA. Quer dizer, veio preparado para a "carnificina". Como um clube convidado de último hora, chegando sem lenço e documento no torneio afim de ganhar a competição, abriu-se uma guerra dando , inclusive, chances ao bom time baiano, com Natal, Baiaco, Eliseu, Peri, Douglas, Osni, Buttice, Sapatão, o técnico Evaristo de Macedo e o seu capitão Roberto Rebouças. Recordo quando do momento da escolha do campo, falei ao Rebouças que a CBD, depois da partida, tiraria deles também o título com a tal reunião não acontecida, anteriormente. Com uma grande torcida presente senti a verdadeira panela de pressão. Na volta ao gramado para o 2º tempo, com vitória parcial alviverde com gol de Aladim, de fora da área, os absurdos foram acontecendo, quando sua senhoria validou um gol em completo impedimento e um não existente penalti. Foi aí que veio minha revolta, perdendo as estribeiras fui na tentativa de agredir o preparado artista, seguro pelo Scolfaro, quando expulsou-me e logo em seguida o Cláudio Marques. Com 9 jogadores, veio a mão salvadora do técnico Tim, o maior estrategista que conheci, fazendo 2 trocas com as entradas do Dreyer e Reinaldinho, e por ironia do destino a defesa baiana parou num possível apito vindo das gerais, com Hélio Pires empatando o jogo, levando com isso até o apito final, um preparo psicológico, a experiência e o denodo de um grupo de atletas. Chegando a nossa Curitiba, com o caneco da glória , jamais havia visto tamanha manifestação pública de uma torcida em nosso Estado que teve também meses após com a conquista do Tri-Campeonato. Quanta emoção. Na verdade sinto nos dias de hoje com a experiência que a própria vida nos proporciona, um sentimento forte entre os profissionais, amigos eternos, que participaram desta Epópeia pendenga. Parabéns a todos pelo momento inesquecível.
Quem não conta dinheiro, conta história.

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