Que o mercado publicitário em Curitiba é restrito todos sabem, mas dificuldade mesmo foi terminar os últimos anos da década de 80, onde vivíamos um período difícil, em que nossa moeda estava quase perdendo nos penaltis para o Solis, a moeda peruana. Com um espírito voltado para a sequência nos trabalhos internacionais, em 1987, transmitindo Fórmula 1 e Seleção Brasileira, na "ganância" das coberturas, o termo exato é esse, e sem preocupar-me com o efeito financeiro, uma loucura por sinal, parti para 7 transmissões internacionais. No calendário, provas de Fórmula 1 na República de San Marino, Spa Francorchamps e Monaco, sendo no futebol, jogos em Dublin, Londres, Glasgow e Helsinque, num total de quase 50 dias de Europa, sem ter nada de dinheiro, dormindo em posto de gasolina, quando não, um hotel "meia boca" de beira de estrada, pela "vantagem" de estar viajando com carro alugado. Sanduiche de todo tipo era o mais consumido, pois, comer carne por estas bandas, nem pensar, pelos parcos recursos financeiros, na verdade o que mais queria era concluir esta temporada estando em todos os eventos. O duro mesmo era pagar direitos de transmissão na Fórmula 1 sendo justamente na última parada, na Bélgica, o final dos trocados. Cheguei na cidade de Spa, o circuito é Spa Francorchamps, aproximadamente 4 quilometros desta cidadezinha, fui ao escritório da entrega dos ingressos à imprensa, sem dinheiro para os direitos e, sem procurar entender o que o interlocutor dizia, por meu interesse, disse que era fotógrafo, afinal tinha conhecimento da diferença que os donos deste mundo automobilístico dão aos profissionais nas coberturas por rádio, jornal e a de fotógrafo. Com máquina em punho e apetrechos nas costas, emprestados pelo colega do Jornal do Brasil, consegui entrar nas dependências do circuito e, ao lado de Linhares Júnior, achei um telefone por perto e lascamos ver, ainda mais com Piquet "voando" na época. Após, a transmissão, a corrida era à busca do tal carro alugado, viajar várias horas para se chegar à Paris e retornar ao Brasil. Nisso me encontro com Galvão Bueno, que já sabia da história e perguntou : e daí, no que respondi , tudo bem, transmitimos maravilhosamente. No que êle retrucou : vou contar para o Bernie Eclestone. Foi uma loucura, não faria novamente. O importante é que as 7 transmissões foram realizadas.
Quem não conta dinheiro, conta história.
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