Conheci a nadadora Daílza Damas, no programa de maior sucesso de todos os tempos da TV Paranaense, Mesa Redonda da CNT, que por muitos anos foi o paradigma das notícias e comentários do esporte do nosso Estado, com uma audiência extraordinária, e que infelizmente saiu do ar por contingências diretivas. Aos poucos fomos conhecendo sua história, contando que começara a nadar aos 28 anos, em atenção ao seu filho que tinha problemas de bronquite, e que procurando incentivá-lo passou a dedicar-se de corpo e alma, enfim contando algumas situações do gostar deste aprendizado e com isso foi estabelecendo metas, a ponto de entrar em circuitos de muita distância, nadando é óbvio. De tudo falado, me assustei quando disse que seu desejo maior naquele instante seria realizar a Travessia do Canal da Mancha, canal este que liga França com a Inglaterra. Mentalizei, e comecei a lembrar deste trecho, onde embarquei em algumas oportunidades saindo de Callais, norte da França, chegando a Dover ou Folkstone City, do outro lado da ilha, já no continente inglês. Sem querer ser desagradável, perguntei a respeito do seu preparo, o condicionamento necessário para tanto, e a partir daquele instante passei a ser um torcedor para que desse certo, pois, entendia ser uma proeza jamais vista. Ela passava tanta convicção que passei admirá-la e imaginar como conseguir tal feito se, primeiramente, foi ao programa para pedir um patrocinador para tal feito. E Daílza conseguiu seu intento chegando no outro lado da ilha. Impressionante. Ao nadar naquele trecho de águas frias e revoltas, chamando atenção do mundo esportivo, continuou e passou a "brincar" em outros circuitos. Ontem, infelizmente, a notícia do seu passamento, com apenas 50 anos de idade, quando foi obrigada a se submeter a uma cirúrgia de hipófise tendo consequências cardíacas. Em uma das suas últimas entrevistas, morando em Bombinhas, litoral de Santa Catarina, perto do que mais gostava, o mar, preparava-se para mais duas competições idealizadas por ela, na Austrália e Grã-Bretanha. Daílza Damas, com certeza deixa para todos um legado de persistência, coragem e devoção no gostar do que faz.
Certo ou errado?
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