Para quem iniciava a carreira de radialista (maio de 1975), este é o meu caso, em apenas 2 anos já contava no curriculum algumas coberturas nacionais e internacionais como na Argentina, Paraguai, Colombia com o selecionado brasileiro participando também na loucura de uma cobertura do Bi-Centenário dos Estados Unidos e a transmissão em Munich (1976) com o time do Cruzeiro enfrentando o famoso time do Bayern da Alemanha, simplesmente, em baixo de neve. Acredito que os senhores devam se lembrar da derrota em 2 gols a zero e empate em Belo Horizonte, com isso levando o galardão o time do Sept Mayer, o mais famoso goleiro da Alemanha. Corria o ano de 1977 e um dos assuntos importantes além da busca de cassificação do time brasileiro à Copa do Mundo na Argentina, a despedida do Pelé era um fato muito comentado, pois, o Rei após deixar o Santos em um jogo (1974) contra a Ponte Preta em Vila Belmiro, foi para os Estados Unidos jogar no Cosmos e se preparava para a despedida dos gramados.
Como estava naquele embalo, sem pestanejar para que dinheiro investir, fui com o inesquecível locutor Lombardi Júnior à Nova York para a devida cobertura. Ao chegar na terra do Tio Sam, ficamos sabendo que o jogo do Cosmos contra o Santos seria em New Jersey, no Estádio Giants Stadium, no sábado dia 1º de Outubro de 1977. Já instalados no Hotel Paramount, fomos a I.T.T,( empresa americana de comunicação) na Avenida das Américas e de lá saímos aborrecidos por que surgia o entrave do pagamento de direitos que não se tinha conhecimentos. Miss Franz Shinner, a diretora desta empresa, sentindo nosso desespero pedia que fossemos ter com o Miguel Vacaro Neto, representante do Silvio Santos neste evento, para obter maiores informações. Por coincidência estava este rapaz no mesmo hotel em que se encontravam outros colegas, como Ennio Rodrigues e Roberto Silva da Rádio Bandeirantes; Sergio Morales da Nacional Rio; Armando e Nogueira da Sociedade da Bahia. Sòmente essas emissoras brasileiras de rádio presentes neste acontecimento. Soube depois que fora, incluída, a emissora do Pelé, Radio Cultura de Santos.
Como o direito televisivo pertencia ao Grupo Silvio Santos, que tinha horários terceirizados com a T.V. O.M/ Canal 6 de Curitiba da Família Martinez, o sinal foi negociado com outras praças para a devida exibição sendo que para nós da Rádio Universo, não entendíamos da necessidade de pagamento. Acontece que as emissoras acima destacadas foram ouvidas antes da viagem e fizeram o devido pagamento. Sabe lá o que é chegar em plena Nova York sentindo na pele que o nosso objetivo poderia não ser conquistado. Havia também outro pormenor que seria dizer ao experiente locutor, Airton Cordeiro, já vereador de nossa cidade seguindo viagem ao nosso encontro. A reunião com a citada figura acima, Miguel Vacaro, transcorreu até altas horas da noite, quando por sorte naquele momento entrou no apartamento, o locutor Walter Abraão, contratado especial para esta transmissão. Amigo de muitos anos, só como passagem dizer da nossa convivência diária naquela cobertura do Bi-Centenário Americano, se inteirando do assunto vendo a dificuldade para mudar o comportamento do que já estava condicionado.
Claro, como jovem no mercado radiofônico, não consegui dormir, aguardando pela chegada do Vereador Airton Cordeiro, motivado com toda certeza de estar nesta cobertura internacional inédita da maior figura do futebol mundial. Cansado, ouvindo tudo que passamos naquelas poucas horas na cidade americana, sentiu também que poderia ser uma tragédia vajar sem completar o trabalho. Então, saíamos pela manhã do hotel indo direto a New Jersey com material de transmissão à mão, pedindo à Deus, de forma isolada, que nos ajudasse nesta ” aventura “. Sem ingressos, tudo vendido a cambistas, pelo menos para se chegar na parte de cima do Giants Stadium, comprei três ingressos por 1oo doláres cada. Subindo a escada rolante, procurando o corredor que daria à porta que levaria a cabine de transmissão , deparamos com o cantor Aguinaldo Timotéo, aborrecido também, pois, recebera a informação que não poderia cantar o Hino Nacional em troca do grande pianista, Sergio Mendes, que já vivia alguns anos na América. Com isso ficou sabendo também do nosso atrapalho. Por alguns minutos eu , Lombardi e Airton, ficamos encostados na parede olhando à frente para um guarda de 2 metros de altura esperando sei lá o quê. Nisso abre-se uma porta e com sorriso estampado no rosto vem ao nosso encontro o empresário que havia levado a Seleção Brasileira de Futebol ao Bi-Centenário. Em rápidas palavras colocou no peito do Lombardi Jr. uma credencial de cabine.
(Continua)…
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