Noite de 31 de Julho com madrugada de 1º de Agosto de 1985. Data que nunca mais será esquecida pelo público desportista paranaense e, principalmente, pelo torcedor alviverde. Mesmo vivendo todo tipo de dificuldades, administrativa e financeira, o Verdão foi à luta contando com valorosos profissionais a começar pelo técnico Ênio Andrade que soube montar uma equipe de jovens e bem preparados na força física também do competente Gilberto Tim. Em sã consciência, ninguém vai esquecer os jogos que antecederam a decisão final no Maracanã contra o Bangú, na trajetória de vitórias contra o Santos F.C. num gol em cima da hora, depois ultrapassando as barreiras contra o São Paulo em pleno Morumbi, com gol de cabeça do Heraldo; sucesso em Joinvile ganhando por 1x0, gol do Lela Careta e o resultado de empate no Mineirão por 0x0, onde o goleiro Rafael pegou tudo. Após este resultado que dava ao Coritiba a primeira chance de disputar uma Libertadores de América, conversei demoradamente com o Ênio Andrade, num hotel situado bem no centro de Belo Horizonte onde estava a delegação coxa. Sempre sério, fugindo de qualquer manifestação de missão cumprida e com chance de mais um título nacional, ele que havia ganho com o Internacional de forma invicta em 79 , chamou o presidente Evangelino, e lado a lado, acompanhei o argumento do técnico em não voltar a cidade de Curitiba, permanecendo nas Alterosas, com suas explicações corretas quando as manifestações positivas dos torcedores, e fazendo com que o elenco fizesse seus treinos iniciais da semana da decisão de forma distante. Como dirigia a equipe de esportes da Rádio Cidade Am, providenciei rápidamente que todos integrantes participassem no Rio de Janeiro neste dia que poderia ser de consagração do clube e do futebol paranaense. Com estúdio montado no Hotel Plaza Copacabana, com linha aberta 24 horas, iniciava-se a maior cobertura festiva em que participei pelo sentimento da busca desta conquista. Desde a nossa chegada ao Maracanã, por volta das 14 horas, olhando do posto de serviço que nos deram, olhei por algumas vezes a grandiosidade do Cristo Redondor, lá em cima, visão esta jamais esquecida. Veio o jogo e o empate em 1x1. Decisão passou a ser por penalidades máximas. Como ficou em minha memória, no dito jantar em Belo Horizonte, o Ênio disse-me: fico por aqui, não vou fazer nenhum treinamento, a não ser escalar os batedores dos pênaltis. Incrível. Foi o que aconteceu . O placar no Maraca marcava 4x4, quando o ponta esquerda do Bangú, Ado, chutou e errou. Silêncio total. Foi para a bola o zagueiro Gomes, confesso que baixei a cabeça e só levantei no grito de gol. Coritiba 5x4 , Campeão Brasileiro de 1985.
Quem não conta dinheiro, conta história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário