Cheguei em Piracicaba em 1966, depois de muitas negociações com passe estipulado em 150 mil cruzeiros, contos ou outro dinheiro da época. Lembro dias antes, que na sala do presidente do Corinthians Paulista, Sr. Wadih Helú com mais alguns diretores, tentaram de todas as formas demover os dirigentes do Juventus, perdendo a parada para um comendador de nome, Humberto D'Abronzo , dono de uma riqueza incalculável sendo ele proprietário da Caninha Tatuzinho. Dinheiro não era problema e sim solução. Como o XV havia caído par a 2ª divisão, ano anterior, este cidadão apareceu com muita disposição e objetivo de colaborar com a cidade do seu coração. Claro, não entendia nada de futebol. Abraçando a causa na construção de retorno a 1ª divisão ou série Especial de São Paulo com outros importantes personagens da Noiva da Colina, as contratações eram diárias. Com dinheiro sobrando na montagem de uma comissão técnica e uma seleção de grandes jogadores, como Claudinei, Protti, Zé Carlos, Joaquinzinho, Ely Cotucha, Nicanor, Picolé, Amauri , Píau e tantos outros, o comentário antecipado era: não tem para ninguém o XV é a seleção do interior. Os treinos individuais e coletivos aconteciam pela manhã e a tarde, até que um amistoso foi pedido pela imprensa e torcida para se conhecer o nível de aproveitamento e o conhecimento de cada atleta.
Com isso chegou o time do Barretos F.C., e o que aconteceu foi uma tragédia com a vitoria dos visitantes por 2x0. Rebuliço total. Ninguém queria acreditar. O presidente do clube, Sr. D'Abronzo, pediu com urgência uma reunião para saber o porque do desastre. Conversa vai, conversa vem, vira-se o Dema, auxiliar do técnico Gatão e diz ao diretor maior que o que faltou foi o entrosamento. Como não conhecia nada da bola e sempre aceitando os argumentos, comprando tudo que lhe pediam e foi aí que surgiu a frase histórica no folclore do futebol brasileiro, "então vamos contratar o tal do entrosamento" Assim foi o começo de tudo, com a volta triunfante do XV de Novembro no cenário especial do futebol de São Paulo. Saudades desse tempo.
Quem não conta dinheiro, conta história.
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