terça-feira, 19 de julho de 2011

O dia em que conheci Mestre Didi.

Foi na excursão do time do Coritiba na Europa e Ásia(1972) que conheci o Didi, meia extraordinário que encantou a todos nos Mundiais de Futebol de 1958 e 1962. Apelidado por “Folha Sêca” pelos lançamentos que fazia com precisão utilizando o lado de pé (trivela), Didi foi com certeza um profissional categorizado desde sua época de Botafogo, indo depois jogar no famoso escrete do Real Madrid, chegando inclusive a dar ciúmes ao craque deste time , Di Stefano, outra marca do futebol internacional. Na carreira de técnico, um dos seus bons momentos quando levou classificada a seleção peruana em 1970 ao México , inclusive, jogando em uma das fases contra a Seleção Brasileira do Pelé, perdendo esta partida por 4×2.

Enfim, lado a lado com está figura, as lembranças foram sendo contadas a ele dizendo como moleque que ouvia as transmissões emocionantes por rádio dos jogos na Suécia e do Chile. Na verdade esse papo aconteceu em Istambul, onde a delegação alviverde se encontrava e que por coincidência no mesmo hotel que ele. Didi, se instalava no Estreito de Bósforo. Essa conversa iniciou-se depois de um jogo em que enfrentamos Fernerbahçe, jogo esse que aconteceu na cidade de Esmirna/Turquia , com vitória alviverde em 2xo. Como não sabíamos nada do adversário, imaginem, saber algo de times turcos, como Besikas, Galatasaray e o próprio Fernerbahçe (time atual do jogador Alex), onde só fui saber que o técnico adversário era o Didi, isso na hora do toss, bem perto da mesa do representante. Pela primeira vez vi de perto aquela pessoa esguia, andando com certa dificuldade, vindo a saber depois do seu problema de coluna.

Em uma das manhãs , naquela hora do café, já de retorno à cidade de Istambul, esperando pelo próximo compromisso que teríamos contra a Seleção Turca, é então que houve essa conversa, ele valorizando sobremaneira o time Coxa, por sua aplicação tática e a maneira sóbria de jogar. Claro, aproveitando o especial momento perguntei-lhe muitas coisas, como o bom time do Perú que ele tinha montado (Périco Leon,Galhardo, Cubillas), as formações dos elencos da seleção brasileira do Bi Mundial, a bola que trouxe as mãos quando o Brasil tomou o gol da Suécia, e o porque de estar tão distante do seu país.

Me impressionando com sua educação, falando mansamente que não queria se estressar com nada, pudera, jogar o que jogou e ganhar o que ganhou, ensinar os turcos na época a jogar bola só mesmo sendo muito obstinado. O convite para treinar este clube popular na Turquia, foi feito pelo brasileiro, João Havelange, que estava em campanha pela Europa, Asia e Africa, com o empresário Elias Zaccour. Daí que vim descobrir, depois, que o Havelange se dispunha dos times brasileiros para angariar votos necessários para chegar a Fifa, tal fato acontecendo em 1974.

Acredito, até que tenha sido pelo mal momento do time brasileiro que foi desclassificado da Copa América de maneira absurda, que devo ter tido essa lembrança do mestre Didi. Ao deixá-lo, desejando muita saúde, fui surprendido por suas palavras de carinho valorizando minhas qualidades como jogador de meio campo. Agradeci emocionado. Quem diria ter ouvido do extraordinário Didi essas palavras. Meus amigos, acabo de lhes contar uma história vivida há quase 40 anos atrás.

Até a próxima.

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